sexta-feira, 11 de junho de 2010

Bem que eu gostaria de...

Bem que eu gostaria de esquecer essa madrugada. As lembranças do que havia acontecido permaneciam impregnadas na minha mente. Eram flashes atordoantes. E eu ainda não tinha plena certeza do que acabara de ocorrer. Ou, o que era mais provável, eu não queria acreditar. Pretendia viver a minha vida como se aquilo não tivesse acontecido. Foi um sonho ruim, só isso.
Desde a hora que acordei, sabia que o dia seria ruim. Ele nunca me ligou tão cedo. Disse que esperava poder conversar comigo hoje. Como se eu já não soubesse que ele estava me traindo. Fomos jantar. Fiz questão de escolher o restaurante mais caro. Afinal, era ele quem estava pagando. Depois de algumas taças de vinho tive a “surpreendente” revelação de que nem na traição ele consegue ser original. Tinha que seguir o clichê dos filmes e ser logo com a secretária?
Eu não estava triste. Na verdade, não sentia nada. O silêncio reinava no meu carro. A cidade passava por mim numa velocidade magnífica. As luzes eram hipnotizantemente coloridas. As ruas estavam vazias. Não podia imaginar que alguém estaria ali, naquela hora. A colisão foi intensa e rápida. O homem jazia no asfalto ainda quente. O sangue escorria criando belas formas no chão. A lua estava cheia, iluminando dramaticamente aquela cena.  Ele era jovem, usava uma fina aliança na mão esquerda. O pouco de sentido que havia na minha vida morrera naquele momento.

Três Músicas

Ela não sabia como agir. Nunca havia passado por sua cabeça que um dia ele estaria ali, sentado no chão de sua casa, vasculhando seus vinis empoeirados. Isso depois de um pequeno acidente no trabalho, envolvendo um grampeador e a mão dele, fruto da distração rotineira dela. E ele estava ali, sorrindo.
Os dois conversavam sobre diversos assuntos. Eles se sentiam bem juntos, e nem sabiam. Em algum momento ele achara um vinil, relativamente novo. Ficou olhando para aquela capa simples e, ao mesmo tempo, tão bonita. Ele levantou, foi até a vitrola e botou na faixa oito. Era uma música tranqüila que dava uma certa nostalgia. Em ambos. A voz delicada da cantora ecoava na sala de uma maneira que envolvia aos dois. Eles se olham. Aquela música era sinestésica, tinha cheiro de terra molhada. Os dois concordavam.
Em seguida, as faixas um e doze foram escolhidas por ele. Elas traziam muitas recordações para eles. Talvez por isso ficassem calados, ouvindo. A voz era deliciosa, cheia de uma pureza perfeita para aquele momento. Ele a convidou para dançar. Ela, meio envergonhada, aceitou. Não houve beijo, nem nada desse tipo. Aquele havia sido o primeiro e único encontro dos dois. Ele seria convocado para a guerra no dia seguinte. Mas ela sempre teria aquelas três músicas para lembrar dele e daquele dia.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não há nada mais normal para mim do que ser confusa. Isso é um fato. E o que eu mais gosto é complicar as coisas. O que poderia ser algo fácil e simples, passa a ser o quebra-cabeça mais adorável do mundo.
Sempre fui muito passional. Tenho a tendência de me apaixonar rapidamente. E esquecer é tão fácil quanto. Não há nada mais interessante do que algo platônico. É divertido sonhar, criar histórias. O problema é quando há a possibilidade de se tornar real. A graça e a magia acabam. A outra pessoa passa a se torna ninguém.
Agora não estou mais assim. Aparentemente amadureci. Não me apaixono mais. Talvez por alguns segundos mas logo em seguida volto para a realidade. Acho que me machuquei muito de uns tempos para cá. Já não ligo mais. Ou ligo demais para conseguir sentir algo de especial.


Resumindo, sei lá.