domingo, 26 de dezembro de 2010

É tudo tão diferente aqui onde me encontro. As luzes são hipnotizantes. É lindo quando elas se cruzam. Lembro-me das aulas de Óptica Geométrica. Péssimo. Odiava física no colégio. Ah! Adoro essa música! A vibração que dá no chão é realmente intensa. Acabo de descobrir uma nova forma de sentir música. Os pés dançando freneticamente. Quantos All Stars! Nunca perceberia se não visse dessa perspectiva. Os passos são perfeitamente sincronizados com a batida da música. Engraçado, daqui todos dançam igual. Menos aquela garota pulando. Ainda não sei como vim parar no chão. Ou foi a garrafa de vodka ou os três shots de Cherry Bomb. No final a culpa é sempre da azeitona. A pancada me deixou mais tonta do que todo o álcool que bebi. Agora estou com preguiça de levantar. Todos os meus amigos já vieram me ajudar, mas eu não sei bem se quero. Pelo menos, os outros são cuidadosos e não pisam em mim. Quer dizer, menos a louca pulando. Ela tropeçou em mim duas vezes. Ninguém vê o corpo estendido no chão. Nunca havia reparado como as minhas mãos são bonitas. Deve ser a luz ou o esmalte azul que passei ontem. Elas são o que eu mais gosto em mim agora. Queria ter um cigarro entre os dedos nesse momento. Seria um belo adorno. Mas os malditos só caem apagados no chão. Essa música não deveria tocar agora. Faz-me lembrar dele, da nossa única noite incompleta juntos. Eu ia ser dele naquela festa, mas minha amiga precisava passar mal, claro! Ele estava ali, me olhando. Para de contemplar e faz algo! Talvez ele nem imagina o tamanho do meu desejo. Bem, sempre tem um outro qualquer que sabe. Odeio ser mulher por isso. Sentimentos sempre atrapalhando o curso natural da vida. Não importa com quantos eu fique na festa, no final acabo só pensando nele. E sempre volto sozinha para casa com o meu amigo Zé, o Cuervo. O único homem que me ama de verdade nessa maldita cidade. Opa! A louca saltitante deixou a coca dela cair. Pena estar tão longe de mim. Poderia ter uma nova visão dessa festa.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Monotonia, rotina, mesma nota, mesmo compasso. Irrita. Gosto de planos mudando na última hora, encontrar pessoas sem marcar. Uma delícia. Mas não, não é assim. Complica, lento, para. Credo! Vai, anda, mexe, dança... Curto uma dodecafonia.
Não. Não pode. Tem que ser assim, direitinho. Um, dois, três. Um, dois, três. Viver pra quê? É complicado. Dá uma preguiça. É melhor continuar assim, que nem gente grande. Chato. Marasmo. Nada.
Três, um, dois. Epa! Desculpa, senhor, não queria atrapalhar a cadência perfeita. Só queria mudar um pouquinho. Vou ficar quieta no meu canto. Quando essa vontade passar, eu volto.