domingo, 16 de maio de 2010

A pessoa narra o que está acontecendo, detalhadamente. Não deveria ser tão irritante assim. Afinal, cada um fala sobre o que quer, não é mesmo? Existe essa liberdade. Mas porque só o que aquela pessoa específica fala me irrita? Era mais fácil excluir tudo e deixar passar.
Ontem falei falei falei (vírgula é para os fracos) e pronto, acabou. Hoje o meu problema é outro. Por que eu não consigo fazer as coisas no momento certo? Por exemplo, a prova para terça. Eu estou enrolando desde às 11h da manhã! Existe tanta coisa mais interessante para se fazer. Como se eu estivesse fazendo algo super importante. Não estou. Faço nada desde às 11h da manhã.

E a pessoa continua a me irritar falando sobre coisas que não me interessam.
Preciso parar de ser tão aleatória. Falo certas coisas sem pensar, alguns atos são involuntários. Não é minha culpa, sou assim. Às vezes acho que as pessoas tem medo de mim. Não, elas não tem paciência mesmo. Eu acho. Ou, talvez, possam achar graça da loucura. Enfim, não sei. Deixa pra lá.
Eu estou numa fixação muito grande com zumbis. Toda hora são os zumbis. Acho que preciso ver algum filme ou ler algum livro sobre. Está ficando absurdamente bizarro já. Mas sei lá né, vai ser lançado mais um filme sobre eles daqui a pouco. Então não sou só eu que tem essa adoração por eles.
Minha cachorra late. Não é agradável ficar ouvindo isso. Fico imaginando, será que eu sou que nem ela? Tão irritante assim. Devo ser, mas ouve quem quer. Dou toda a liberdade para falaram na minha cara que não querem mais me ouvir/ler. Ou pode simplesmente sumir.
E, como sempre, estou aleatória. Por que eu faço isso? Por que estou escrevendo esse texto, aliás? Eu deveria estar fazendo uma prova. Preciso entregar até terça-feira. Mas e daí? Eu gosto de emoção. Putz, parei.

sábado, 15 de maio de 2010

Ele a olhava. Seria aquilo de verdade ou mais uma peça de sua imaginação fértil? Ela gostou dele desde a primeira vez que o viu, no começo do ano anterior. Mas a situação era complicada. E deixou para trás. Eles se falavam quase sempre. Ela sorriu para ele. Aqueles pensamentos sempre passavam em sua mente quando ele a olhava. E ele sorria de volta. Como era estranho aquilo tudo.
Romantismo não era o seu forte naquele momento. Ela estava desacreditada de tudo. Mas aqueles momentos entre os dois davam uma mínimo de esperança para que no futuro, talvez, ela voltasse a acreditar. Ela corava ao pensar que podia ter o carinho dele. Sentia uma pontada de ridicularidade naquilo tudo. Era? Ela não ligava.
Ele a olhava. Haveria, ali, um desejo também? Não tinha como saber. A vida não era injusta, o problema é que ela não sabia aproveitar os momentos certos. Pequena menina tola. Tantas oportunidades passaram e ela vivia com aquele platonismo. Ela adorava amores platônicos.

Em pensar que isso poderia ser um roteiro de um filme teen americano. Antes fosse. Não era nada agradável aquilo tudo.
Sabe quando você sente uma coisa que não queria sentir e, às vezes, nem sabe se está sentindo certo? Pois é, isso acontece comigo nesse momento. Só estou preenchendo o nada ou realmente gosto? Prefiro achar que é a primeira opção. Menos dolorosa. Principalmente porque eu tenho a plena certeza de que não é recíproco. Afinal, quem gosta de uma pessoa como eu?
Sou lerda, rídicula, cínica, chata, irritante, escrota, louca, mal amada (aham, já me disseram isso), babaca... Tanta coisa. Só ruim. Alguém vê alguma qualidade em mim? Manda por e-mail. Aproveito e boto no meu currículo. Alguém vê que eu posso ser boa? Que eu posso ser amável? Que eu posso ser uma boa companhia, engraçada... Não. Ninguém vê isso. Aliás, pra que, não é?
Ok, tem gente que vê. Minha mãe, minhas avós... Agora eu ri. Esses não contam. São suspeitos demais. Meus amigos vêem. Ou será que eles mentem um pouco? Não sei... Não sei mais nada. Será que algum dia eu soube de alguma coisa? Passei no vestibular, não é? Alguma coisa aprendi. Menos matemática e física. Isso eu realmente não sei.
Eu adoraria chegar e falar tudo o que sinto. Ou que pseudo-sinto. Já não sei mais se sinto. Sinto raiva, isso eu sei. Nesse momento há muita raiva em mim. Vontade de gritar e sumir. De chorar descontroladamente. Sou extrema demais, tenho que parar com isso. É difícil demais ser tranquila. Sou muita coisa ao mesmo tempo. Já falaram que eu era bipolar. Achei graça. Se for assim, todos nós somos. Talvez.
Já escrevi um texto mais ou menos assim há uma semana. Não adiantou muita coisa. Continuo confusa. Meu medo é terminar no mesmo lugar de antes. Não quero. Não posso. Seria derrota demais. O problema é que me sinto tão cansada. Tão nada. Sou um puro nada. Eu sei disso. Pessimismo é o meu nome do meio. Já aprendi a lidar com isso.

No final eu só queria mais que um abraço.
Ela era nova, somente cinco anos. Tudo era bom, não havia problema ou confusão. Seus pais se amavam e isto era o suficiente para ela. Sofia era linda, loira, cabelos cacheados, olhos verdes e, além de tudo, extremamente carismática. Seus pais eram muito orgulhosos de sua única filha.
Porém, contos de fadas só existem no papel, sendo a vida, muitas vezes, extremamente cruel. Sofia só passaria cinco anos com seu muito amado pai. Ela nunca se esqueceria dos banhos de chuva que tomaram juntos ou da sua primeira festa de aniversário, na qual ele encarnou o Elvis.
Tinha consciência de que sua vida não pararia naquele momento. Sofia sempre teria cinco anos em suas lembranças, do jeito que ela sonhava ter durante a vida inteira. Aquele homem, aos seus olhos, lindo, perfeito e com um toque de maluquice saudável, que ela herdou por completo; era o que teria até o fim.
Com o passar dos anos, suas lembranças ficaram turvas. Ela precisava de fotos para lembrar do rosto dele. Mesmo sonhando quase todos os dias com um último momento juntos, ela já não se lembrava mais de sua voz ou de seus trejeitos. A pequena menina sentia sempre sua presença como um anjo da guarda. Mas, seu maior desejo era a volta daqueles míseros cinco anos.
Sofia era feliz, tinha consciência disto: uma mãe que a amava e era tudo em sua vida, uma família gigante e acolhedora, amigos fieis e um padrasto maravilhoso. Porém, sempre faltava algo. Em seus aniversários, natais e réveillons. Ela sempre esperava que ele pudesse estar lá, para um último abraço inexistente.
Cinco anos. Era só isso que ela tinha certeza que levaria para o resto de sua vida. Cinco anos onde tudo era completo e perfeito, onde sua existência fazia completo sentido. Somente cinco anos.
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Encontro Marcado

Não havia mais em Sophia a pureza de antes. O que era uma doce lembrança virou obsessão. Ela não conseguia se livrar do passado, do tempo em que esteve junto ao seu pai. A necessidade de reviver aqueles momentos era uma questão de sobrevivência. Sua vida baseava-se nisto. Nada mais, nada menos.
Sophia perdera os traços de criança. Agora era uma mulher de 21 anos; alta, todos a chamavam de Pin-Up. Seus cabelos eram castanhos claros, ondulados; e seus olhos, de um verde intimidador. Não existia um homem que não fosse encantado por ela. Além disso, transbordava inteligência. Cursava Psicologia na faculdade. Era a melhor da turma e o orgulho de sua mãe já debilitada, que vivia presa a uma cama de hospital.
Aquela doce menina do passado tinha uma vida aparentemente normal, morando na Zona Sul do Rio de Janeiro. Não era rica, mas conseguia sustentar seus luxos. O único problema era sua mania, ou hobby, como ela chamava. Todo dia, de manhã e ou de tarde, frequentava o parquinho perto de onde morava. Sophia dizia para seus amigos que gostava de observar, de maneira antropológica, aquele universo. Porém, não era bem assim.
Sophia gostava de observar especificamente os pais das crianças de cinco anos. Os beijos e carinhos, as brincadeiras que faziam, o empurrar do balanço, a felicidade estampada em cada rosto. Aquela atmosfera, ao mesmo tempo que era inebriante, também a enjoava. Contudo, ela não podia demonstrar. Tudo precisava ser bem feito. Sorria sempre, para todos. Era simpática com babás e mães. Já com os pais, ia além. Ela os seduzia. E, normalmente, bem sucedida.
Toda semana com um novo amante. As amigas a invejavam, os amigos não entendiam porque ela escolhia aqueles homens, geralmente casados. Os colegas brincavam dizendo que isso era seu Complexo de Electra falando mais alto. E não deixava de ser. Tinha plena consciência. Afinal, como estudante da área, entendia sobre o assunto. Mas, para os amigos, ela simplesmente sorria. Os motivos para as suas relações eram mais obscuros do que qualquer um poderia pensar.
O último deles foi o mais interessante. James, um americano de férias no Rio. Ele viva em Manhattan, brincava dizendo que seu prédio era perto de onde morava o Woody Allen. Ela não ligava para isso, só queria que tudo fosse do jeito que planejara. Sua filha, Anne, era adorável. Branca, cabelos negros e olhos azuis como dois topázios. Sua mãe, Samantha, viva para ela. Por isso, foi fácil fisgá-lo. Tudo ocorreu em uma semana, como de costume. Eles se conheceram no parquinho, trocaram telefone e, no dia seguinte, já estavam em um luxuoso motel caro bancado por ele. Parece que James não fazia aquilo há anos.
Para James, Sophia chamava-se Clara, ou Claire, como ele dizia. James a olhava de uma maneira diferente, carinhosa. Parecia que, além de um caso, ele realmente tinha sentimentos por Sophia. Fazia de tudo para agradá-la, para vê-la sorrir. Sentimento novo para ela. Nenhum dos outros casos anteriores foram assim!. Era só prazer. Repulsa era a palavra que melhor descrevia o que ela sentia. Não havia intenção de envolvimento profundo. Sophia não queria se envolver, não queria sentir nada. Absolutamente nada.
No domingo, ao chegarem no motel de costume, James estava apreensivo. Sophia havia dito que haveria uma surpresa naquele dia. Quem não adora surpresas? Ela estava mais linda do que de costume. Realmente parecia uma pin-up. Vestia o sobretudo que ele dera de presente na noite anterior. Lindo, preto com detalhes em vermelho, quatro botões. Ela abriu o mais belo sorriso. Ele estava extasiado. Sophia carregava um pacote qualquer, mas ele não estava preocupado com isso. O mais importante era a lingerie de renda que estava por baixo daquilo tudo. Preta e roxa, combinando com os sapatos. Estendeu o pacote, dizendo ser um presente para ele. Era uma caixa de bombons. Ele comeu. O problema é que alguns homens não aguentam cianeto.
Era assim que terminavam suas relações. Com a morte dos amantes seduzidos. Para Sophia, isso era uma vingança pela morte do pai, assassinado. A visão dela era deturpada, o choque fora muito grande. Mas, sempre pareceu sã desde então. Para sua mãe, era a melhor pessoa do mundo. Para o seu padrasto, um grande orgulho. Mal sabiam que ela não ligava, sua vida girava em torno desse jogo. Observar, seduzir, matar. E ela se divertia, já não cometia erros. Sophia não se preocupava com as filhas daqueles homens. Afinal, nunca se preocuparam com ela!
Na faculdade tudo ia bem, como sempre. A única novidade era sua viagem para a Espanha, onde faria um período na Universidade de Barcelona. Todos estavam muito animados com essa oportunidade. Uma surpresa para própria Sophia. Uma professora a inscrevera, pois sabia que seria bom para o crescimento daquela excepcional pupila. Sophia já estava preparada. Sabia que lá seria difícil continuar com o seu passa tempo favorito, mas ela não se importava. Estava feliz por aquilo tudo.
Por algum tempo, ela não se importou de ficar sem o seu hobby. Ela aproveitou Barcelona muito bem. Fez novos amigos, ficou com alguns homens normais, teve ideias para sua monografia. Foi tudo muito bom. Porém, depois de um mês, ela sentia falta daquele jogo. Aquilo era sua droga, e ela estava em plena crise de abstinência... Todo dia planejava um fim diferente. Chegou até a comprar um caderno para fazer essas anotações. Ria. Achava muito engraçado aquilo tudo. Ela falava para si mesma que era uma forma de trabalhar o raciocínio. Principalmente ali, onde o sistema criminal era superior ao do Brasil. Precisa ter cuidado redobrado com tudo. Qualquer deslize seria o seu fim.
Numa tarde, ela estava num parque. Ali era tão bonito, as cores, os cheiros. Tudo novo, diferente. A atmosfera era agradável, interessante. Ela mantinha um sorriso tímido no canto da boca. Realmente gostava dali, sentia que tudo estava completo. Como isso poderia acontecer? Nada tinha mudado. Seu pai estava morto, sua mãe no Rio. Mas, para ela estava, por alguma razão desconhecida. E Sophia gostava daquela sensação.
Uma menina, beirando os cinco anos, veio em sua direção. Sophia prendeu a respiração, seus olhos ficaram atônitos. Ela não acreditava no que via. Era ela quando pequena! Não era possível, tão parecida! Depois de um tempo, Sophia começou a ver algumas diferenças. Os olhos daquela criança eram de um mel estonteante; sua pele, um pouco mais morena; e os cachos, castanhos. Contudo, os traços eram os mesmos. Tinha certeza de quem puxara aquilo. Seu pai. Ela olhou em volta. O pânico tomou conta de todo seu corpo. Aquele era o encontro que ela sempre desejou. Ela tremia, suas mãos gelaram. Ele não podia estar ali. Ele não podia estar vivo.
Sophia saiu correndo em direção à sua casa. Ao chegar lá, trancou-se no quarto. Chorava compulsivamente sentada de frente para sua escrivaninha. A foto de seu pai estava ali, olhando para ela. Rafael não era bonito. Alto, cabelos castanhos, olhos esverdeados e uma pele pálida. Mas, ele era charmoso, com um olhar penetrante e um sorriso maravilhoso. Ele estaria vivo, em Barcelona, com uma filha de cinco anos? Ela começou a rir como uma louca. Aquilo não poderia ser verdade; seria um sonho ou um pesadelo? Seu pai, o motivo de tantas mortes estava vivo. E agora, o que ela ia fazer?
O parque se tornou o segundo lugar que ela mais frequentava. Todos os dias, no mesmo horário que ocorrera o tal encontro. Ela observava, procurava aquelas duas figuras. Pela primeira vez, ela não sabia o que fazer. Como falar com ele? Seria tudo por instinto. E ela os avistou, felizes, brincando. Sophia não sentia nojo naquele momento, era raiva. O ódio pela dor que Rafael causara havia tomado o seu corpo. Ela precisava respirar fundo. Não poderia cometer nenhuma besteira.
Sophia foi na direção dos dois. Ela estava com o sorriso de lado, um olhar felino. Estava lindamente perigosa. Rafael olhou para aquela figura diferente. Ele sorriu. Era um duelo para ver quem conquistava o outro primeiro. Não tinha um vencedor, o desejo era mútuo. Como normalmente ocorria, a primeira parte daquele jogo não foi difícil de ser concluída. Ela o seduzira. E ele nem sabia de quem se tratava. Para Rafael, Sophia era Elisa.
Aquele romance doentio durou mais de uma semana. Eles se encontravam na casa de Sophia, num motel barato da região ou mesmo na casa de Rafael. A mulher dele, Anita, viajava para promover seu novo livro. Ela ficaria dois meses longe de casa. Eles aproveitaram um mês daquilo. Não havia amor, não havia carinho. Nenhum dos dois almejava aquilo. Eles conversavam muito sobre várias coisas. Na verdade, Rafael falava sobre sua vida e Sophia o escutava. Ela queria saber como tinha sido. Claro que ele não contava detalhes. Ele dizia que a vida dele havia recomeçado ao chegar a Espanha. E era isso que mais importava para ele.
Era uma tarde chuvosa e fria. Os dois estavam na casa dele. Lareira acesa, vinho, um cheiro de alguma comida típica da região. O cenário estava perfeito. A filha dele, Paloma, fora para casa dos avós. Então, ninguém iria atrapalhar nada. E era isso que Sophia desejava. Ela estava no banheiro, retocando o batom. Olhava fixamente para sua imagem refletida no espelho. Respirava fundo. Em seu bolso havia algo que ela não estava acostumada. Ela tremia. Não de medo, mas de excitação. Deu um sorriso feroz para ela mesma e saiu. Na sala, Rafael ouvia música. A última coisa que ele ouviu, antes do golpe na cabeça.
Ao acordar, ele estava amarrado. Sophia o observava. Ele se debatia, esperneava. Ela começou a falar para ficar quieto. Seria melhor que não fizesse escândalo. Ele parou. Sophia disse que tinha algo para contar, mas precisava que ficasse quieto e prestasse atenção. E ela contou tudo. Ela era sua filha, que ele havia abandonado há 15 anos. Ele fizera com que ela se tornasse um ser obsessivo, por aquilo e por ele. Sophia matava homens que tinham filhas de cinco anos. Ele ficou horrorizado. Ela riu com a cara que ele fez e disse que agora precisava acabar com aquilo. Dar um fim ao ciclo. Ele se debatia. Um tiro na perna. Um grito abafado pela fita crepe na boca. Ele a olhava suplicando por sua vida; ela o observava como uma louca.
No dia seguinte, os avós chegaram trazendo a pequena Paloma. Viram aquela cena de terror. Rafael, amarrado e coberto de tiros. Sophia, em um canto, morta com uma bala na cabeça. Os gritos tomaram conta daquela casa. Paloma olhava perplexa para tudo aquilo. Ela sabia que não teria mais seu pai. Mas, também sabia que teria a sua vingança.

domingo, 2 de maio de 2010

Fiquei um bom tempo pensando sobre o que escrever. A música trazendo lembranças de pessoas e situações foi uma ideia, mas era demais para o momento. Ia lembrar de coisas boa e ruins. Logo agora que consigo ouvir tudo o que gosto. Mudei de ideia. Pensei em falar da saudade que tenho sentido de algumas pessoas. Minhas amigas, mais especificamente. Tenho uma forte ligação com elas. Sofro por não tê-las do meu lado sempre. Todas elas, sem exceção. Mas eu ia chorar muito, não quero chorar.
Decidi. Vou escrever sobre nada. Afinal, nada acontece. Quer dizer, coisas acontecem, mas são coisas banais que estão sempre ocorrendo. Nada espetácular acontece. Nada que vá mudar a minha vida. Não nego que em algumas situações a culpa é minha por não agir. Mas só eu tenho que fazer tudo? Acho que não.
Um dia desses falaram que eu deveria ousar mais. Ele dizia sobre a minha escrita. Eu disse que não era ousada até mesmo em minha vida. Timidez, falta de coragem, medo. Tudo junto. Trauma. Ele falou que eu deveria ousar, seria melhor para mim. Abrir uma janela na minha casa de vigas fortes. Minha casa tem vigas fortes, eu gostei de saber disso. Ousei. Ele gostou. Foi na escrita, mas foi um começo. Será que conseguiria fazer o mesmo em minha vida? Só depois de muita terapia.
Queria falar tudo o que me perturba. Mas, afinal, o que me perturba? Não tem nada. São pensamentos que construo para ter sobre o que pensar, sofrer, rir, sonhar. Ou não. Existe algo que me tira o sono. Alguém, na verdade. Uma situação. Não sofro, só imagino. Gostaria de saber como seria. Mas aí, teria de ser ousada. Falam que vai acontecer quando tiver que acontecer, mas não é a gente que constrói nossas vidas, nossos destinos? Quem sabe amanhã eu não chego e falo tudo. Não tenho medo da resposta, só tenho medo do que vão pensar.

É um desabafo, nada importante. Ninguém vai ler ou se preocupar. Mas precisava. Acho que a minha terapia é aqui.