domingo, 21 de março de 2010

Ela era invisível. Em qualquer lugar que ia, ninguém a olhava. Isso somado a outros traumas, fazia com que sua auto estima fosse baixa. Bem baixa. Havia momentos que ela era invisível até para seus próprios amigos. Clarisse não entendia muito bem porque isso acontecia com ela. Ninguém entendia quando ela falava que era invisível. "Ah Clarisse, é só uma fase... E é você que chama isso para você mesma!" ou "Clarisse! Você tem que parar de achar isso... Aí sim as pessoas vão te notar..." ou ainda "Quem disse que você é invisível?". Ninguém compreendia, mas sempre fora assim.

Desde sempre, ela nunca foi de chamar atenção. Nenhum homem nunca havia se apaixonado por ela, olhado para ela com desejo... Como acontecia com suas amigas. Todas as suas investidas foram mal sucedidas. A única vez que deu certo, foi com seu namorado. Mas no final não deu muito certo. E voltava a ser como antes, sem nenhum olhar para ela. Mas parecia que ela já estava acostumada. Talvez ela fosse normal demais. O que não era bom. Pelo menos para ela, não era bom.

Suas amigas perdiam a paciência quando ela falava sobre isso. Era algo que a incomodava, mas ninguém levava muito a sério. E mesmo quando ela ia falar sobre algum outro assunto, era cortada para as outras amigas comentarem alguma outra coisa. Ela sabia que as suas amigas se preocupavam, pelo menos ela achava isso. Mas naquele momento, não era o que parecia. Clarisse já não se abria muito, pois sempre que fazia isso levava algum fora. Mas quando era ao contrário, ela ouvia, com toda a paciência que podia juntar. Mesmo que os assuntos fossem sempre repetidos.

Ela era invisível. E só ela compreendia isso. Ninguém a olhava, ninguém a queria. Ela era de ninguém. E achava que seria assim para sempre. Não havia muita perspectiva para ela nesse quesito. Ela era ninguém.

2 comentários:

Julia Neiva disse...

Todo mundo tem um "quê" de Clarice enroscado em seu âmago. Por mais que não deveria, por mais que ninguém escute, por mais que ninguém concorde, ela faz parte de nós.

Julia Neiva disse...

*devesse. Srry.